segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Siga reto, mas feche os olhos.



Precisei de meios sentimentos pra poder escrever novamente,
e de um furacão de furia pra compreender de quantas mil maneiras alguem suporta ser.

Estive calada durante muito tempo,
me retive a ideia de que tudo estava bem estando em silêncio.
Lá fora a chuva caia, e sem motivos, eu apenas a presenciava cair e molhar o chão,
lavar as impurezas, amolecer o concreto das calçadas.
Um belo dia, recomecei a respirar, do nada.
Um sorriso meio envergonhado me veio a face, e me fez renovar a ideia de continuar.
Enchi meus pulmões de um ar tão puro, que cheirava a rosas do campo, um cheiro tão forte que chegava a ser dilacerante.
Precisei de dias pra me acostumar com a ideia de recomeçar do zero.
Mas do zero sempre recomeçamos.
Deixei escapar a minha aflição e mergulhei sem pudor.
Pequei.
Corri cem léguas em um só dia,
Cai de quatro nessa aventura errante.
Pulei da ponte três vezes em 24 horas,
e perdi o compasso em menos de dois dias.
Me bateu uma crise antecipada. Agonia.
Fiz esforços demasiadamente, e esqueci que no meio do caminho deixei o mais importante,
meu coração, pulsando a beira da estrada.
Perdi o controle, e a guerra me veio como consequência da derrota sofrida em campo sem batalhas.
Indiferente, tive que retroceder, manter a guarda, e me resguardar do tempo fechado.
Voltei ao casulo, voltei a masmorra, mantive a seriedade. Perdi.
Sem forças pra continuar durante a tempestade que caminha numa velocidade de assolar,
voltei pra casa.
Caminhei dois dias de ida,
Voltei em menos de um. Corri.
No meio do caminho, peguei meu coração estacionado na esquina,
o trouxe em mala, seguro, sem frio.
Trouxe também a alma, desencorajada, mas pura, como sempre esteve.


[em construção....]