sábado, 11 de junho de 2011

No pesar da meia noite

" Que essa minha insatisfação do hoje possa anteceder a bonança do amanhã "

Não entendo toda essa pressa e agitação dentro do meu peito, ele bate acelerado por gostos que sequer conheço, são compassos desordenados de solidão, direções imperfeitas da metade inacabada da insatisfação.
E eu insisto em dizer: "ela bem que podia me querer";
Seria mais simples, mais fácil de lhe dar com tudo isso, com essa apreensão que toma conta dos meus passos, com as incertezas que inundam minha mente no pesar da meia noite, e com o laço que condena os meus dedos entre os teus, tão distantes.

São fios invisíveis e traiçoeiros que me deixam amarrados a você.

Quando me perco entre os meus pensamentos nos teus, eu simplesmente não me enxergo diante de tudo que me torno.
De repente, sou apenas um ser que anda sem uma direção exata, sem precisão alguma de onde quer ir e qual direção tomar, vou sem rumo, e sem a mínima sensatez caminho.

Me deixei ser livre, e dentro da liberdade me prendi em você.

Acordei com uma dúvida enorme dias atrás, e senti pena de mim mesmo.
Por alguns instantes, cansei de vagar em meio ao vento, sentei em um pequeno banco e comecei a recordar de um acertos e erros, não sei se por desgosto ou comoção, apenas me deixei sentir.
Há quem diga que o homem só ama uma vez, e reavaliando esse contexto histórico, social e cultural, digo que concordo, de certa forma há argumentos fortes para se dizer isso.
Nas primeiras vezes que nos dizemos apaixonados, a gente se deixa enganar, se deixa levar pela perfeição escondida dentro do imperfeito.
Na paixão, o coração entra em ebulição constantemente, bate como se fosse pular pra fora da gente, quase nos fazendo perder a noção, mas daí tudo passa, acaba, nada resta, não sobra nada, sequer saudade.
E isso não pode ser amor.
E o que é amor então?
Pela calmaria que as coisas acontecem descreverei pôs o que oportunamente creio que o seja.
É algo que começa quando o coração está calejado de sofrimentos e pelejando sacrifícios de cura, a vida, o tempo, ou destino, chamem como quiser, eu escolhi chamar de acaso, então é o acaso que nos surpreende, nos ensinando pausadamente do que é feito esse sentimento.

São compostos inalteráveis, regulados pelo gosto do nosso paladar.

Acontece assim, a gente acorda com o pensamento cheio de graça, com um contentamento desconforme e sem medida, um sorriso gostoso estampando a face, e no peito uma sequência de batidas desordenadas, ar ofegante e uma vontade louca de apenas ser feliz.
Coisas assim não acontecem sempre, tampouco com qualquer um, então acredito que posso chamar isso de amor.
Por que o amor é feito canção que embala os ouvidos, e depois, quase que impregnando a mente, nos faz repetir automaticamente as frases finas que ficaram em nossa cabeça.

O amor é a reprodução de um conjunto de emoções que invadem a alma.

Me sinto assim toda vez que me permito pensar em você, aliás, isso não convém a minha permissão, simplesmente me vens a cabeça, e pronto, a partir desse momento me encontro muito mais em sintonia com os astros do que com a terra que ficam meus pés ao chão.
Sua imagem me consome como o clarão do sol que banha as manhãs de verão, como as estrelas que do alto brilham transformando em beleza o opaco do céu.
Me sinto tão bem, e isso me propõe sempre a cortejar as flores, deleitando-me sob os jardins, com a trilha pitoresca dos pássaros que voam e cortam o anil do alto.
E sob esse céu, que de imenso, não mais nos separa, nos aproxima, se tornando meu e teu.

domingo, 5 de junho de 2011

Sementes


Ontem, escutando os pássaros enquanto comiam seus míseros grãos, me veio a cabeça a utilidade da semente, não apenas como nutriente que germina o futuro alimento, mas como a vida que brota do anonimato e da inércia da existência, pobre matéria sem cor.
Que mesquinhos somos nós, selvagens que aprendendo a ser livres, esquecem da sua verdadeira condição, fadados a atos e escolhas próprias, sem arbitrariedade e subversão.
Então, contenho meus pensamentos que saem a procura de meios mais fáceis pra sobreviver, possuir uma vida com textos menos enfáticos e audaciosos, que apenas sejam leves e só um pouco exigente, sem medo do retorno ou de não tê-lo.
Somos como as sementes, que não sabem pra que fim existem, ou pra que serve afinal a sua utilidade de venda.E assim como as sementes, poderíamos apenas germinar e originar boas árvores, e como num ciclo de subsistência real, ser abrigo de ninhos, ninhos de amor, sem forma, sem corpo, sem jeito, do amor puro que nos deu Deus, quando nos dias da criação, soprou de suas narinas e nos abençoou.

by:KarineVieira