sexta-feira, 27 de maio de 2011

Meus dedos sobre o papel

Meus dedos calejados sobre o papel renovam o ritual de manter acesa a chama do escritor.
Então escrevo, escrevo, mas já não tem sentido o que leio, e me vejo como náufrago de um oceano desértico de ilhas.
A madrugada se aproxima, há uma nuvem encobrindo o azul do céu, e aqui em baixo reflete todo esse enigma, como a sombra que se deita debaixo do dorso de um corcel.
A dança da caneta entre os dedos me planta o gentil jeito de fazer frases sem mantras, só títulos pequenos que cabem em textos, passageiros de vida mansa.
Escrevo palavras estranhas, e é como se minha mente, antiga e caduca, avistasse a sua frente o sereno do dia final, e pra sobreviver me apego a esses relatos de tragédias e comédias alheias, o cotidiano em seu fluxo natural.
Transcrevo os laços vividos por outras vidas, os medos fortuitos de outros olhos, e tudo se abraça como se morassem no mesmo abrigo, abrigo de graça e solidões que magoa a alma que sofre, que geme, e carece de gentileza e afeto de corações.
Me alimento de uma arte pura e mágica, que sai de uma fonte inesgotável de candura e angelismo, pois poucas coisas fascinariam os homens quanto a sua própria essência abarrotada de sonhos visíveis e tocáveis, e assim se sente aquele que escreve, assim me sinto quando escrevo.


by:KarineVieira

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Em conversas minhas

Ontem, conversando com alguém:  


[...] Pensei que palavras não pudessem mudar o rumo das coisas.
   Daí me deparei com os grandes escritores, pensadores, poetas da história da humanidade, e me senti completa, me senti parte deles também. Me senti protagonista de um sonho que já vem sendo sonhado a muito tempo.
   E quando voce diz que fica sem jeito com o que falo, confesso, me alegra muito mais do que se você ousasse em dizer que se apaixonou por mim. Rsrs...
   A revolução que propõe aquele que escreve, assim como eu,
   é essa.
   É poder alimentar a alma das pessoas através das palavras, aliás, de algo bem além, daquilo que estar por trás delas, ou seja, um mundo infinito de possibilidades.

terça-feira, 24 de maio de 2011

É difícil um recomeço, mas tenho que tentar


E eu levarei um gosto doce daquele beijo.
Pra me acompanhar nas tardes solitárias,
e acalmar as noites de perigo.
Eu guardarei o brilho daqueles olhos,
Pra me iluminar e alimentar os sonhos,
e eliminar o pavor dos pesadelos.
Eu lembrarei da sua mão segurando a minha,
Pra me ajudar a levantar quando o tempo me perseguir,
e pra me segurar quando alguma dor vier me ferir.

Eu só preciso que tudo fique na minha lembrança,
aqui, a saudade não corre perigo, 
dentro do meu silêncio transformarei em esperança,
pra ninguém apagar aquilo que um dia me foi proibido. 

by:KarineVieira

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Me leva


Me leva nuvem, me carrega entre os céus vestido de anil, num celestial e majestoso vôo.
Me leva pássaro, me deixar ir em tuas asas, pequenas e tão bravas, num arco circunscrito de reflexo da imensidão.
Me leva vento, me faz cair nas graças do tempo, sem remédio me faz flutuar,
cavalgar entre os astros, me perder no espaço.
Me leva coração, me carrega em teus braços, num laço sincronizado de culpa e afago,
me torna o teu bem amado, o único elo entre o céu e você.

by:KarineVieira