sexta-feira, 27 de maio de 2011

Meus dedos sobre o papel

Meus dedos calejados sobre o papel renovam o ritual de manter acesa a chama do escritor.
Então escrevo, escrevo, mas já não tem sentido o que leio, e me vejo como náufrago de um oceano desértico de ilhas.
A madrugada se aproxima, há uma nuvem encobrindo o azul do céu, e aqui em baixo reflete todo esse enigma, como a sombra que se deita debaixo do dorso de um corcel.
A dança da caneta entre os dedos me planta o gentil jeito de fazer frases sem mantras, só títulos pequenos que cabem em textos, passageiros de vida mansa.
Escrevo palavras estranhas, e é como se minha mente, antiga e caduca, avistasse a sua frente o sereno do dia final, e pra sobreviver me apego a esses relatos de tragédias e comédias alheias, o cotidiano em seu fluxo natural.
Transcrevo os laços vividos por outras vidas, os medos fortuitos de outros olhos, e tudo se abraça como se morassem no mesmo abrigo, abrigo de graça e solidões que magoa a alma que sofre, que geme, e carece de gentileza e afeto de corações.
Me alimento de uma arte pura e mágica, que sai de uma fonte inesgotável de candura e angelismo, pois poucas coisas fascinariam os homens quanto a sua própria essência abarrotada de sonhos visíveis e tocáveis, e assim se sente aquele que escreve, assim me sinto quando escrevo.


by:KarineVieira

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